26 July 2012

die aufzeichnungen des malte laurids brigge | os cadernos de malte laurids brigge

Es ist lächerlich. Ich sitze hier in meiner kleinen Stube, ich, Brigge, der achtundzwanzig Jahre alt geworden ist und von dem niemand weiß. Ich sitze hier und bin nichts. Und dennoch, dieses Nichts fängt an zu denken und denkt, fünf Treppen hoch, an einem grauen Pariser Nachmittag diesen Gedanken:
Ist es möglich, denkt es, daß man noch nichts Wirkliches und Wichtiges gesehen, erkannt und gesagt hat? Ist es möglich, daß man Jahrtausende Zeit gehabt hat, zu schauen, nachzudenken und aufzuzeichnen, und daß man die Jahrtausende hat vergehen lassen wie eine Schulpause, in der man sein Butterbrot ißt und einen Apfel?
Ja, es ist möglich.
Ist es möglich, daß man trotz Erfindungen und Fortschritten, trotz Kultur, Religion und Weltweisheit an der Oberfläche des Lebens geblieben ist? Ist es möglich, daß man sogar diese Oberfläche, die doch immerhin etwas gewesen wäre, mit einem unglaublich langweiligen Stoff überzogen hat, so daß sie aussieht, wie die Salonmöbel in den Sommerferien?
Ja, es ist möglich.
Ist es möglich, daß die ganze Weltgeschichte mißverstanden worden ist? Ist es möglich, daß die Vergangenheit falsch ist, weil man immer von ihren Massen gesprochen hat, gerade, als ob man von einem Zusammenlauf vieler Menschen erzählte, statt von dem Einen zu sagen, um den sie herumstanden, weil er fremd war und starb?
Ja, es ist möglich.
Ist es möglich, daß man glaubte, nachholen zu müssen, was sich ereignet hat, ehe man geboren war? Ist es möglich, daß man jeden einzelnen erinnern müßte, er sei ja aus allen Früheren entstanden, wüßte es also und sollte sich nichts einreden lassen von den anderen, die anderes wüßten?
Ja, es ist möglich.
Ist es möglich, daß alle diese Menschen eine Vergangenheit, die nie gewesen ist, ganz genau kennen? Ist es möglich, daß alle Wirklichkeiten nichts sind für sie; daß ihr Leben abläuft, mit nichts verknüpft, wie eine Uhr in einem leeren Zimmer—?
Ja, es ist möglich.
Ist es möglich, daß man von den Mädchen nichts weiß, die doch leben? Ist es möglich, daß man 'die Frauen' sagt, 'die Kinder', 'die Knaben' und nicht ahnt (bei aller Bildung nicht ahnt), daß diese Worte längst keine Mehrzahl mehr haben, sondern nur unzählige Einzahlen?
Ja, es ist möglich.
Ist es möglich, daß es Leute giebt, welche 'Gott' sagen und meinen, das wäre etwas Gemeinsames?—Und sieh nur zwei Schulkinder: Es kauft sich der eine ein Messer, und sein Nachbar kauft sich ein ganz gleiches am selben Tag. Und sie zeigen einander nach einer Woche die beiden Messer, und es ergiebt sich, daß sie sich nur noch ganz entfernt ähnlich sehen,—so verschieden haben sie sich in verschiedenen Händen entwickelt. (Ja, sagt des einen Mutter dazu: wenn ihr auch gleich immer alles abnutzen müßt.—) Ach so: Ist es möglich, zu glauben, man könne einen Gott haben, ohne ihn zu gebrauchen?
Ja, es ist möglich.
Wenn aber dieses alles möglich ist, auch nur einen Schein von Möglichkeit hat,—dann muß ja, um alles in der Welt, etwas geschehen. Der Nächstbeste, der, welcher diesen beunruhigenden Gedanken gehabt hat, muß anfangen, etwas von dem Versäumten zu tun; wenn es auch nur irgend einer ist, durchaus nicht der Geeignetste: es ist eben kein anderer da. Dieser junge, belanglose Ausländer, Brigge, wird sich fünf Treppen hoch hinsetzen müssen und schreiben, Tag und Nacht. Ja er wird schreiben müssen, das wird das Ende sein.


É ridículo. Eu aqui sentado no meu pequeno apartamento, eu, Brigge, que fez vinte e oito anos e não é conhecido de ninguém. Eu fico aqui sentado e não sou nada. E entretanto, esse nada começa à pensar e, do alto de cinco lances de escada, durante uma tarde parisiense cinzenta, tem esses pensamentos:
É possível, pensa o nada, que ainda não se tenha visto, conhecido ou dito nada de real ou importante? É possível que existiram milênios para observar, refletir e registrar, e que se tenha deixado passar esse milênios como um recreio na escola, como se come seu pão com manteiga e uma maçã?
Sim, é possível.
É possível que, apesar de todas as invenções e dos progressos, apesar da cultura, da religião e do conhecimento do mundo, que se tenha ficado na superfície da vida? É possível que mesmo essa superfície, que em si mesma já seria alguma coisa, que ela tenha sido coberta por um revestimento inacreditavelmente tedioso, de maneira que ela se pareça agora com os moveis de sala de estar da casa de veraneio?
Sim, é possível.
É possível que toda a historia do mundo tenha sido mal compreendida? É possível que o passado seja falso, que se tenha falado sempre de suas multidões, como se tudo o que se tenha recontado apenas reuniões de muitos e muitos homens, ao invés de se falar daquele em torno do qual os homens se reuniam, porque ele era estrangeiro e moribundo?
Sim, é possível.
É possível que se tenha acreditado precisar alcançar o que aconteceu antes que se tenha nascido? É possível que se tenha que relembrar a cada um, um após o outro, que ele foi gerado pelos antigos, e que cada um não deveria se deixar convencer pelos outros, que teriam um saber diferente?
Sim, é possível.
É possível que todos esses homens conheçam perfeitamente um passado que nunca foi? É possível que toda a verdade não seja nada para eles, que suas vidas tenham passado sem se ligar à nada, como um relógio num quarto vazio?
Sim, é possível.
É possível que não se saiba nada das moças, e entretanto elas vivem? É possível que digamos “as mulheres”, “as crianças”, “os meninos” e não adivinhemos (apesar de toda nossa educação), que essas palavras há muito não têm plural, apenas incontáveis singulares?
Sim, é possível.
É possível que existam pessoas que digam “Deus” e pensem que seja algo comum à todos? Vejam o caso de dois meninos: um compra para si um canivete, e seu vizinho compra um igual no mesmo dia. Após uma semana eles mostram os canivetes um ao outro. Os canivetes parecem ter a mais distante semelhança – tão diferentes eram as vidas que esses canivetes tiveram nas mãos dos meninos? (Sim, diz a mãe de um, se vocês precisam usar tudo até o fim). Então, é possível acreditar que se possa ter um só Deus, sem desgasta-lo?
Sim, é possível.
Se tudo isso é possível, ou tenha apenas uma aparência de possibilidade – então, por todas as coisas do mundo, é preciso que algo aconteça. O primeiro que tiver esses pensamentos inquietantes deve começar a fazer algo com o que foi negligenciado; qualquer um que seja, mesmo que ele não seja o mais apto: não ha outro. Esse jovem e insignificante estrangeiro, Briggs, se sentara no alto de cinco lances de escada e escrevera, dia e noite. Sim ele devera escrever, esse sera o fim.

12 July 2012

do ptaka | à l'oiseau

Mówię do ptaka:
muszę lecieć.

Ptak macha do mnie
instrukcją obsługi.


Je dis à l’oiseau
il faut que je m’envole.

L’oiseau agite
le mode d’emploi.


traduction : Isabelle Jannès-Kalinowski, Irena Gudaniec-Barbier


5 July 2012

plus loin | mais longe

C'est par la fenêtre que l'on sort

Prisonnier c'est par la fenêtre
Que l'on gagne un autre monde
Un monde où l'on imite à la perfection
Le beau le bien la vérité
Les passions ardentes
Et le bonheur et ta prison
Bref espace

Mais tes désirs ont la couleur du vent


É pela janela que se sai

Prisoneiro é pela janela
Que se ganha um outro mundo
Um mundo onde se imita à perfeição
O belo o bom a verdade
As paixões ardentes
A felicidade e tua prisão
Breve espaço

Mas teus desejos têm a cor do vento