30 August 2012

notte | nuit

Il ragazzo
che nelle vene ha i fiumi
di tante umanità diverse
è scappato
dalle cornici dove
adornava
il suo dolce tempo perduto
e ora nell'uniforme
smarrisce
la sua ombra tra l'altre


Le jeune homme
qui a les fleuves dans ses veines
de tant d’humanités diverses
s’est échappé
des cadres où
il ornait
son doux temps perdu
er dans l’heure uniforme
il égare
son ombre parmi les autres

23 August 2012

しづかさや | stillness

しづかさや
湖水の底の
雲の峰



stillness--
in the depths of the lake
billowing clouds

12 August 2012

outros-retratos | other-portraits

PaiBenjamin 7 1/2 & les miettes
Às vezes quando estamos brincando, comendo ou apenas fazendo nada, eu surpreendo uma passageira visão de meu pai nas faces do meu filho. A sensação vai muito além de uma simples semelhança física, e eu me pergunto se elas não são produtos de impressões incertas que eu colhi no meu passado. Pode ser a maneira de sorrir quando ele é surpreendido fazendo uma arte. Ou a expressão no que ele tem quando se concentra numa atividade manual. Ou mesmo as covinhas quando ele lança seu sorriso irônico à quem estiver por ali. Essas expressões me lembram de situações em que vi meu pai menos paternal e mais humano, quando as defesas estavam baixas apenas o suficiente para que eu pudesse dar uma espiada. Essas visões são pequenas janelas para minhas lembranças flutuantes, um ponto de acesso privilegiado au meu passado móvel.

Elas não são apenas retrospectivas, essas visões. Elas me fazem também cogitar sobre a nossa herança. Terá o meu filho a mesma facilidade para fazer amigos, o mesmo comportamento irascível no trânsito, o mesmo senso de humor oportunista? Quais defeitos, quais qualidades serão levadas adiante? Ao olhar o retrato de meu pai, eu imagino a passagem dos próximos anos com ele, a lenta consciência da transmissão de nossos traços comuns, o florescer da memória de meu pai enquanto eu descubro meu filho.

E em algum ponto entre as lembranças de meu pai e minhas expectativas de meu filho estou eu. O que quer que seja passado de um para outro, é passado através de mim. À medida que os observo, em pessoa, na memória ou em fotografias, eu tenho menos a impressão de ser e mais a impressão de me tornar : eu me aproximo meu pai, meu pai brilha na expressão do meu filho, meu filho carrega consigo as sementes de nossa transmissão.

Eu sou tentado à colocar minha fotografia entre as deles e assim desenhar outro ponto dessa linha, mas eu resisto. Quando colocadas lado à lado, essas fotografias cessam de ser retratos. Elas me dizem algo sobre mim, e ainda assim não são autoretratow. Elas representam algo mais sutil ; elas revelam o fluxo entre o velho e o novo, um fluxo que é principalmente eu, até o dia em que a minha vez de desaparecer. Essas imagens não são retratos ou auto-retratos, elas são outros-retratos de mim.


Sometimes when we are playing or eating or just doing nothing special, I catch a glimpse of my father on the face of my son. The feeling goes further than the simple physical resemblance, and I ask myself if they are not products of uncertain impressions I collected in my past. It may be the way he smiles smile when he is surprised doing something out of line. Or the expression he has when he concentrates on the small manual task at hand. Or even his dimples when he throws an ironic smile to whoever is around. These expressions remind me situations where I saw my father less fatherly and more human, when the guard was down just enough for me to peek through it. Those glimpses are small windows to my floating recollections, a privileged point of access to my changeable past.

Those glimpses are not only retrospective. They also make me wonder on our heritage. Is my son going to have the same ease to make friends, the same irascible reactions in traffic, the same opportunistic sense of humor? Which flaws, which qualities, what will be carried forward? Looking at the portrait of my father I imagine the passing of the coming years with him, the slow realization of the transmission of our common traits, the memory of my father blossoming as I discover my son.

And at some point between the memory of my father and my expectations of my son, there is me. Whatever is passed from one to the other, is passed through me. As I look at them, in person, in memory, in pictures I have less the impression of being, and more the impression of becoming: I approach my father, my father shines on the expression of my son, my son brings in him the seeds of our transmission.

I am tempted to put my picture between theirs to plot another dot of that line, but I resist. When put side by side, these pictures are not anymore portraits. They tell me something about me, and still are not self-portraits. They represent something more subtle; they reveal the flow between the old and the young, a flow that until I start to fade in my turn, is mainly me. These pictures are not portraits or self-portraits, they are other-portraits of me.

9 August 2012

| as ondas

你也爱那白浪么
它会啮啃岩石
更会残忍地折断船橹
撕碎布帜

没有一刻静止
它自满地讲述着
从古以来的航行者悲惨的故事

或许是无理性的
但它是美丽的
而我却爱那白浪

——当它的泡沫减到我的身上时
我曾起了被爱者的感激



Amas também as ondas brancas?
Essas vagas que roem os rochedos
Que impiedosas quebram os lemes dos barcos
e rasgam suas velas.

Jamais imoveis
Elas contam incansaveis
Historias tragicas dos navegadores de antigamente.

Talvez elas nao tenham uma razao
No entanto sao belas
E eu as amo, essas ondas brancas.

Quando sua espuma vem morrer à meus pés
eu principio apenas, amoroso, à expressar minha gratidao.

2 August 2012