18 October 2015

the dock of the bay | chicago

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Sittin here resting my bones
And this loneliness won’t leave me alone
It’s two thousand miles I roamed
Just to make this dock my home

(Otis Redding)
Sentado num McDonald’s impressionante, no cruzamento de duas estradas perpendiculares, que cortavam as planícies de horizonte a horizonte, eu decidi não continuar a Saint Louis. A viagem estava chegando ao fim, e Saint Louis virou uma etada supérflua. Me parecia que todos os clientes estavam me compreendiam : sem uma cidade à vista, aquelas dezenas de pessoas sô podiam estar paradas naquela encruzilhada para tomar um decisão de mudar de curso. Era o tempo e o lugar.
No ônibus para Chicago, lotado de negros e mexicanos, eu virei uma espécie de curiosidade e mascote. Nas paradas sorrisos amigos orientavam, quando o motorista dizia algo incompreensível no microfone do ônibus, alguém em torno me explicava.
Na chegada, eu segui a multidão que descia do ônibus, no fim da fila, observando meus companheiros de viagem em seus reencontros. Quando ia descer, foi impedido pelo motorista. Se você descer aqui, não volta mais, me diz. Aquela era a primeira parada do ônibus em Chicago, a estação dos subúrbios coloridos e perigosos, onde alguém com meu ar inocente e minha cor de pele não tem uma longa expectativa de vida. Meus companheiros de viagem me acenaram da rua e eu segui sozinho, ao lado do motorista até a estação central.

17 de fevereiro de 1994

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