4 October 2015

destination love | memphis

memphis
How much more can I stand
I can’t wait to see your smile
Only got about ten more miles
Destination love, destionation love

(Wynonie Harris)
Se encontrei Graceland vazia, os estúdios Sun estavam cheios. Na sala da casa que fazia vezes de estúdio de gravação, logo após a entrada, se acumulavam escrivaninhas, cabos, discos de ouro, pianos, pés de microfone, poeira, cadeiras, caixas não identificadas, fotografias de grupos recentes em visita, pequenos objetos eletrônicos não identificados. O destino do estúdio alternou de maneira desorganizada crises e momentos sublimes desde os anos cinquenta. Esses objetos todos espalhados eram uma espécie de memória que ia se empilhando, desordenada, alegre, cada objeto escondendo outro, mais antigo.
O mobiliário incomum da Graceland majestuosa não se comparava àquele estúdio artesanal. Apesar da bagunça, Sun Records continuava acolhedora, mais perigosa, mais divertida, viva, com cada época sucedendo à precedente, com outras músicas e outros músicos.
Parti no dia seguinte de Memphis, após um passagem por um bar e uma noite mal dormida. Fugi na verdade do albergue, apavorado com os barulhos de discussão e luta que vinha do andar de cima do galpão. Às cinco da manhã peguei minha mochila e segui a pé para a estação da Greyhound, ouvindo Jerry Lee Lewis e com um sorriso nos lábios.

16 de fevereiro de 1994

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