13 September 2015

just like a fish | new orleans

new orleans new orleans
new orleans
it’s not the things you say
it’s what you use for bait
I am just like a fish
the way I keep going for your line"

(Esther Phillips)
Me veio a sensação que ela estava por ali. Não quando eu passeei solitário pelas docas, mas quando eu atravessei a multidão que seguia o Mardi Gras. O que me trouxe aquela impressão ? O comportamento livre das moças sobre os balcões ? Talvez. Aqueles olhos mais que verdes que me abordaram na penumbra de um beco entre dois casarões, « Você está sozinho na cidade ? » A atmosfera festiva que me fazia sonhar com uma vida mais livre ?
A decadência rústica do Mardi Gras deste lado do oceano lembra pouco a decadência elegante da margem oriental do Atlântico, de Veneza. Ouve-se pouco do sonhado jazz, e a perdição das moças nos caminhões se compra fácil com um colar de contas de plástico. Um mercado livre sem graças, fácil e plástico e músicas inaudiveís. Só os artistas de rua, com suas ambições modestas desenhavam alguma alma para a festa.
De artista de rua em artista de rua, fui seguindo as ruas da cidade, Bourbon, Royal, nomes que lembravam aventuras de outros tempos, não minhas mas da cidade. A bagunça da festa não apagava aquela melancolia que me invadia sempre que eu pensava no passado, não tão distante, de alguns meses antes.
Soube anos depois que ela esteve ali também, a sensação de presença não foi um sonho de amor perdido, por um dia apenas não nos encontramos. Não poderia ter sido diferente naqueles anos , o destindo era um nó, aquela presença, a nostalgia, minha decisão de entrar em um Greyhound em direção ao norte para escapar da balbúrdia de New Orleans.

14 de fevereiro de 1994

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